Das tabelas “arqueológicas” para a shapefile

Com alguma frequência, os dados arqueológicos são registados em tabelas onde a cada sítio arqueológico correspondem uma série de atributos, entre eles as coordenadas que indicam a sua localização, longitude e latitude.

A localização geográfica era muito útil para a localização nas cartas militares (para quem se lembra e passou por este exercício!). Atualmente este exercício tornou-se simplificado com a projeção destes pontos em ambiente SIG (Sistemas de Informação Geográfica). Naturalmente que as vantagens não se ficam pela simples projeção e visualização de pontos, mas porque através desta é possível derivar novos dados e retirar informação de forma relativamente fácil e menos demorada.

Se tens tabelas nestas condições continua a ler que vou explicar passo-a-passo o que é preciso para criares uma shapefile com estes dados.

O que precisamos:

Software – QGIS 3.10 A Coruña. O QGIS é um software open-source, fácil de instalar, com um e intuitivo.

Dados – Uma tabela construída a partir dos dados do Geoportal do Portal do Arqueólogo. No caso filtrei os sítios arqueológicos do concelho do Porto.

A latitude e longitude dão-nos a localização geográfica do sítio; os restantes campos são opcionais e podem conter a informação que quisermos.

Agora, algumas notas sobre as coordenadas.

Primeiro, as coordenadas nesta tabela que vou utilizar são coordenadas geográficas em graus decimais; segundo, o seu Sistema de Referência é o WGS 84, sistema usado no registo dos sítios do Geoportal do Arqueólogo. As vossas coordenadas podem ter sistemas diferentes, ou podem estar num formato projectado, por isso é importante saber qual o sistema de referência para que os sítios possam ser visualizados nos sítios corretos; terceiro, e este ponto diz respeito apenas ao QGIS, se as coordenadas da vossa tabela estão separadas por vírgulas, substituam por pontos porque é assim que o QGIS as consegue ler corretamente.

Feitas todas as notas, guardamos a tabela com o formato .csv

Já temos o material necessário, vamos então pôr as peças a funcionar.

Abrimos um novo projeto QGIS. No meu caso vou deixar o SRC (Sistema de Referência de Coordenadas) em EPSG: 4326 – WGS 84 uma vez que é este o sistema das coordenadas da minha tabela. Este sistema deve ser definido de acordo com o SRC das vossas tabelas. Em seguida vamos adicionar o ficheiro csv ao projeto clicando em Camada > Adicionar Camada > Adicionar camada de texto delimitado…

Na caixa de diálogo fazemos as seguintes configurações:

             – Clicamos no botão com três pontinhos junto ao campo “Nome do ficheiro” e procuramos a nossa tabela com a extensão csv.

             – Em Formato do Ficheiro existem várias opções para configurar corretamente a leitura do ficheiro. Neste caso a camada é lida corretamente com a opção de “Ponto e vírgula” assinalada. Estas definições dependem das configurações particulares sobre como as folhas de cálculo guardam os ficheiros .csv.  mas podemos ver se o ficheiro está a ser lido corretamente no fundo da janela, em Amostra de Dados, onde os campos devem aparecer separados tal como no ficheiro original;

             – Na Definição da Geometria vamos selecionar os campos das coordenadas X,Y correspondentes à Longitude e Latitude, e no SRC da geometria definimos o EPSG: 4326 – WGS 84 uma vez que é este sistema usado nestes pontos (atenção ao vosso SRC!).

Depois de todas as configurações feitas, clicamos em Adicionar e fechamos a janela.

O processo vai a meio.

Apesar da visualização ser interessante, neste momento estamos a trabalhar com um csv, e não como uma shapefile que é o formato nativo dos SIG. Vamos então transformar uma coisa na outra.

Clicamos com o lado direito do rato sobre a camada, e seguimos o caminho Exportar > Guardar Elementos Como…

Abre-se uma caixa de diálogo para guardar a camada vetorial. Em “Formato” escolhemos a opção ESRI Shapefile, e em seguida escolhemos a pasta onde desejamos guardar a nossa shapefile e atribuímos-lhe um nome.

No SRC escolhemos o EPSG:4326 -WGS 84 e mantemos todas as outras opções.

No final da caixa assinalamos a opção para adicionar o ficheiro gerado ao projeto e clicamos OK.

E pronto! A shapefile dos sítios arqueológicos do Porto foi criada.

Espero que esta publicação tenha sido útil, e se quiserem sugerir alguma coisa, partilhar sugestões ou ideias não hesitem em entrar em contacto através do email: arqueozine@gmail.com

Bom trabalho!